quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Gilson Martins: O Designer do Século





O Livro Viajando No Design é uma publicação da Editora Estação das Letras e Cores, escrito pelo designer carioca Gilson Martins. As imagens do livro são do fotógrafo gaúcho Rômulo Seitenfus
























O empresário e designer de bolsas cresceu no caloroso cenário do Rio de Janeiro. Reconhecido internacionalmente, com 25 anos de carreira, tem seu produto comercializado em diversos lugares do mundo. Seu trabalho está à venda no MoMa (The Museum of Modern Art) em Nova York. Sua criatividade também já ganhou exposição no Museu do Louvre em Paris, na Galeries Lafayette, no Deutsche Bank Berlin, no Festival de Cannes e na Semana de Design de Milão. Além da longa lista de exposições, é grande também a relação de personalidades que curtem a originalidade da marca - Gisele Bundchen, Cláudia Schiffer, Madonna, Naomi Campbell, Jamiroquai, Bono Vox, Gaultier, Domenico Dolce e Stefano Gabana - entre outros nomes.
Seu trabalho alcançou o ápice da criatividade quando criou uma linha que homenageia o Brasil. São bolsas em formato de Pão de açúcar, bandeiras do Brasil e Cristo Redentor. Assinou criações de embalagens de divulgação para grandes marcas como L'Oréal e Coca-Cola. Foi o responsável pelas bolsas do Festival de Cinema de Cannes e Festival de Cinema do Rio. Criou as bolsas dos participantes do Programa Big Brother Brasil e frequentemente empresta seu produto para personagens das novelas da Rede Globo. Sua história foi escrita no livro Viajando no Design, lançado pela editora Estação das Letras e Cores.
Nesta entrevista, Gilson Martins conta sua trajetória, fala da infância inspiradora no berço carioca e explica o trabalho desde a criação do produto na fábrica até a venda nas lojas.


Como foi o início da sua trajetória?
Estudei na Escola de Belas Artes da universidade Federal do Rio de Janeiro. Na época criei uma mochila por acaso feita em lona de cadeira de praia usado no trabalho do meu pai como estofador. Ao chegar à faculdade tive logo a primeira encomenda e, não parei mais.

Você é graduado em Belas Artes. O que de maior isso influenciou na sua carreira?
Foi muito importante aprender o estudo da forma, cor e textura. No momento em que comecei a fabricar as bolsas pude exercitar em meu próprio trabalho individual todos os ensinamentos teóricos da academia simultaneamente, esclarecendo dúvidas com os professores, com os próprios colegas clientes, podendo inovar de forma consciente.

Como surgiu a grande ideia de criar bolsas em formato do Pão de Açúcar, mochilas em bandeira do Brasil. Foi uma homenagem às suas origens?

Nasci no centro do Rio de Janeiro, no alto do bairro do Santo Cristo. Brinquei com a imagem do Pão de Açúcar durante toda a minha infância. Depois do sucesso com a bolsa em formato de Pão de Açúcar, entendi que criar objetos com imagens e símbolos do nosso cotidiano tocava o público e a sociedade em geral. Comecei a perceber com as bolsas Bandeira do Brasil uma mudança sensível a respeito do patriotismo brasileiro e que esse trabalho poderia evoluir além da moda, como aconteceu.

Você possui lojas da sua marca no Rio de Janeiro e mantém pontos de venda do seu produto no exterior. Faz questão de manter contato com os distribuidores ou prefere focar seu trabalho somente dentro da fábrica?
O resultado do trabalho está todo associado entre a fábrica, a loja, a equipe de vendas e o cliente. O contato frequente com as equipes de venda traz a evolução dos produtos a cada nova remessa. Cada vendedor se comunica pessoalmente dando impressões sobre os produtos. Meu envolvimento com as lojas vai desde a busca pelo ponto ao projeto com os arquitetos, exposição dos produtos, vitrine, venda e supervisão frequente.

Como funciona o processo de produção? Poderia nos contar resumidamente, desde a criação até a entrega nas lojas?
Vou criando os produtos um a um sem pressão de estar envolvido com as tendências e prazos de apresentação de coleção nas lojas. Aos poucos vou fazendo modificações até o tempo de estarem maduras e em produção. Nesse momento são batizadas e entregue nas lojas.

Dentro da sua empresa existe um processo de estágio para pessoas que tem vontade de aprender. Como isso funciona?
Sempre busquei trocar informações com os mais jovens. Moda, marketing, comunicação, publicidade e arquitetura passam pela fábrica conhecendo nossa forma de criar, produzir e ajudar a enxergar as novidades do mercado.

Você já expôs no Museu do Louvre em Paris, suas bolsas são usadas por personalidades como Naomi Campbell, Bono Vox, Giselle Bünchen entre outras tantas que adoram seu trabalho. Qual o segredo desse sucesso?

Os produtos são muito originais e autênticos. Desta forma atraem artistas e personalidades que buscam o novo que surpreende. Criar uma bolsa com conceito próprio e com ideia em bases sólidas e simples, que seduzam o público ligado à cultura, muito mais do que a ideia propriamente ditada pela tendência da moda.

Você imagina que um dia veria seu trabalho e sua vida em um livro publicado?
Realmente não. Quando a Universidade Estácio de Sá me comunicou que eu era o escolhido daquele momento demorei um tempo para assimilar. Somente agora com a nova biografia que participei efetivamente, comecei a entender como é bom ter sua trajetória resumida e publicada.

O que você diria para quem sonha ser designer e não sabe por onde começar?
Primeiro, descobrir que todo início tem um caminho e todo caminho tem de ser encontrado. Então, procure bem o caminho antes de começar com muita fé e vontade para não se perder no meio.

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